sábado, 26 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO
Partiu o sábio, o lutador, o poeta, O velho guerreiro, o profeta; Morreu como tudo que é eterno, Das letras, incansável atleta.
Partiu o artista da palavra solta Do verbo escorregadio e desregrado Porque a vida transborda da gramática Não cabe no discurso estreito e pontuado.
Como o lavrador de mãos calejadas, Do chão levantou idéias e livros Quentes e vibrantes, sóbrios e vivos, Povoados de personagens amadas.
Seus parágrafos nas asas do vento Longos de corpo, coração e de alma; Carregados de beleza e sentimento, De quem tem pressa, sem perder a calma.
Memória viva de uma teimosia, Parte para engrandecer a trajetória, O suor e a lida, a força e a resistência, De quem da terra ergue a história.
A um tempo terno, ousado e sério Do ser humano conheceu o mistério Dele destilou lutas, dores e temores, Sonhos e esperanças, beijos e amores.
Deixou páginas que são retratos, De desenhos vivos e cores fortes, Duro na crítica, simples no trato, Legado sobre que nada pode a morte.
Obras que mais parecem esculturas De silêncio, gemidos e gritos feitas; Sinfonia livre que dispensa partitura, Dos Silva ou Teixeira, Souza ou Freitas.
Metáforas imprevistas e inéditas, Deixou-nos como arte e ciência; No longo percurso da existência, Suas herança jamais será pretérita.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS São Paulo 20 de junho de 2010

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